Dia de festa

O cineasta Allan Ribeiro não vê o curta apenas como um passo para o longa. Premiado na última Mostra de Tiradentes, como melhor filme com seu longa “Mais do que Eu Possa me Reconhecer” (2015), Ribeiro tem alternado os dois formatos, com bastante destaque. Seu curta mais recente, “O Clube” (2014), abocanhou os prêmios de melhor curta, segundo o júri oficial, popular e da crítica, além de ter levado o de melhor diretor, no Festival de Paulínia, entre muitos outros. Sua trajetória inclui ainda o longa “Esse Amor que nos Consome” (2012) e os curtas “O Brilho dos meus Olhos” (2006) e “Ensaio de Cinema” (2009), entre outros.

“O Clube” acompanha o aniversário de 53 anos da Turma Ok, o primeiro grupo LGBT de que se tem registro no Brasil. O filme, um híbrido de documentário e ficção, surgiu da admiração de Ribeiro para com o grupo, que conhece há mais de dez anos. “O simples fato de estarem juntos há mais de meio século é uma política de afirmação, embora eles não se deem conta disso”, conta. “A Turma Ok é uma família, que tem hábitos como comemorar todos os aniversários de seus sócios, passar o Natal juntos, rezar missas quando alguém morre ou quando o grupo comemora mais um ano de vida. E foi exatamente o dia de aniversário escolhido para o filme, pois era perfeito para sentir a dinâmica da casa sem precisar explicar muito em palavras”, explica sobre a escolha da data.

Filmado em cinco dias, com R$ 80 mil, seu maior orçamento até hoje, incluindo os longas, “O Clube” trabalha com encenações de situações reais vividas pelo grupo. Foi proposto um roteiro e um jogo de interpretações com os atores/personagens. “Queria que eles experimentassem a ação para a câmera de cinema, diferente do que estão acostumados a fazer todos os fins de semana no palco. É um risco de improviso que dá vida ao filme. Nos desloca da atuação vista geralmente. Não me importava se eles teriam um desempenho realista. Porém, tiveram um desempenho impressionante. Filmamos como uma ficção, em 16mm, claquete, ensaio e orientações de ‘ação’ e ‘corta’ no início e fim de cada plano”, comenta Ribeiro.

Atualmente, enquanto percorre o circuito com o curta e com o longa, previsto para chegar aos cinemas no fim do ano, se prepara para dirigir a web série “Noturnas”, sobre as artistas da noite gay carioca, e seu terceiro longa, “Só um Homem Só”.

 

Por Gabriel Carneiro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.