Banco imobiliário

Exibido no Festival de Toronto e premiado como melhor filme no Cine Ceará, entre muitos outros prêmios e exibições, “Edifício Tatuapé Mahal” (2014), da dupla Fernanda Salloum e Carolina Markowicz, parte de uma observação peculiar. Fernanda conta que, em uma loja em Londres, onde ela e Carolina estudavam cinema, encontrou bonecos de maquete ricos em detalhes. Esse foi o ponto de partida da animação que acompanha Javier, um boneco de maquete argentino que veio à São Paulo trabalhar em estandes, devido ao boom imobiliário.

O plot simples e criativo deu vazão para a dupla trabalhar temas como a especulação imobiliária e, inclusive, a transsexualidade. “Sempre achamos um assunto interessante, não apenas a especulação imobiliária, mas como as construtoras se utilizam de meios para supervalorizar seus produtos: mudam nomes de bairros, colocam nomes de prédios em francês, fazem maquetes e estandes megalomaníacos, sempre achamos graça nisso”, comentam as diretoras, que ainda vão levar o filme a Tampere, Hong Kong e Flórida.

Criado quase todo em stop motion, com parte do filme em 3D, “Edifício Tatuapé Mahal” teve 50 diárias de produção, mais o tempo da pré e um ano da pós, para se concretizar. O filme foi contemplado em 2012 com o Prêmio Estímulo do Governo do Estado de São Paulo, que dá R$ 80 mil para a realização de um curta.

Fernanda e Carolina optaram por apenas uma voz no filme, narrado todo em primeira pessoa pelo Javier, feito pelo ator uruguaio Daniel Hendler. “Queríamos manter os bonecos de maquete da maneira mais realista possível no curta. E, por isso, decidimos que eles não mexeriam a boca, que os movimentos em geral seriam mais truncados, para ser fiel ao material do qual eles são feitos”, explicam.

Atualmente, as diretoras estão em fase de captação do longa “Edifício Tatuapé Mahal”. Carolina, que vem do documentário, com “69 – Praça da Luz” (2007), codirigido com Joana Galvão, ainda desenvolve o roteiro de um longa de ficção e capta para seu próximo curta. E Fernanda, também diretora de arte, escreve o roteiro do seu próximo curta.

 

Por Gabriel Carneiro

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