Plataformas de embarque

O mundo audiovisual parece embarcar definitivamente nas plataformas de distribuição de conteúdos, seja no “ao vivo”, como ocorreu no período das Olimpíadas Rio 2016, seja “por demanda”.

À medida que o consumo audiovisual vai se modificando e se consolidando na modalidade “por demanda”, as plataformas e aplicativos de oferta de conteúdo audiovisual vão se proliferando lado a lado com a oferta de canais de TV por assinatura lineares.

O audiovisual, num ritmo ainda mais acelerado que os outros consumos de informação, migrou rapidamente para o digital, impulsionado pela tecnologia; e caminha para as soluções on line. Vivemos “plugados” na tecnologia. Onde quer que estejamos, por exemplo, num vagão de metrô, o ser humano parece estar evoluindo para ter como extensão de um dos braços um smartphone.

Isso é posto e de conhecimento geral. Mas o que as plataformas de distribuição de conteúdo audiovisual podem contribuir com o “negócio” audiovisual? Quais as novidades para o ganho de escala e as novas oportunidades para a produção independente no Brasil?

Se dermos pequeno passo atrás no contexto da regulação do setor no Brasil, vamos observar que a Lei 12.485 tem seu nome original como Lei de Comunicação de Acesso Condicionado. Já preparando terreno para as regras específicas para o momento do Vídeo por Demanda, para além da TV por assinatura linear.

Como em qualquer indústria, um dos itens que garante competividade é o ganho de escala. Se, na TV por assinatura linear, a produção independente brasileira está cada vez mais presente com crescimento de três dígitos em quantidade, o que também responde por grandes audiências na programação dos canais, nas plataformas, essa mesma produção já recebe maior demanda e, inevitavelmente, impulsiona esse segmento das plataformas brasileiras, sobretudo as associadas ainda a grandes grupos de operadoras/empacotadoras.

É esse ganho que vai marcar uma nova fase nas plataformas. A do crescimento expressivo das produções inéditas brasileiras para a primeira janela (primeira exibição) das OTTs. No mesmo modelo das plataformas mundiais.

Independentemente das normativas de cotas que estão para ser anunciadas a qualquer momento pela ANCINE, para o segmento de Vídeo por Demanda, a evolução de produções inéditas brasileira para as plataformas é inevitável, diante da qualidade e do retorno de crítica, público e já de alguma renda para o tripé exibidor (plataforma), distribuidor/agregador e produtor.

Embarcar é preciso, no trem das plataformas, como “transporte” paralelo ao mundo da TV. O vagão da monetização e rentabilidade ainda está para ser preenchido.

Há ainda um longo caminho a percorrer na mudança de hábitos de consumo, mas a tecnologia existente já nos demonstrou que não há ponto de retorno para os conceitos de portabilidade e mobilidade.

Última chamada para a TV “em todo lugar” e “a todo momento”.Em nossas mãos.

 

Por Mauro Garcia, Presidente Executivo da BRAVI – Brasil Audiovisual Independente

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