Flora & Amílcar Cabral

O cineasta Flora Gomes, 66 anos, é um dos nomes mais conhecidos do cinema produzido na África. Mesmo oriundo de um país muito pequeno (Guiné Bissau, de apenas 2 milhões de habitantes), ele conseguiu ver seus filmes na competição de Cannes (“A Árvore de Sangue”), Veneza, Cartago e Burquina-Faso.

Sua história parece um folhetim do século XIX. Filho de pais analfabetos, conheceu Amílcar Cabral (1924-1973), comandante da guerra de libertação de seu país. Como gostava de nadar, Flora sonhava em estudar Educação Física. Mas Amílcar Cabral sugeriu a ele que fosse com mais três amigos (Sana Na N’Hada, Josefina Crato e José Bolama Columba) estudar cinema no ICAIC (Instituto Cubano de Artes e Indústria Cinematográficas), pois a Revolução necessitava de quadros no terreno do audiovisual. Antes de terminar o curso em Havana, Flora e colegas souberam do assassinato de Amílcar. Quando regressaram à Guiné, os quatro realizaram curta-metragem (“O Regresso de Amílcar Cabral”, 1976), que registrava o traslado do corpo de Cabral de Guiné Conacri, onde foi assassinado, para sua Guiné Bissau. Depois, Flora mergulhou no cinema ficcional e realizou seus principais filmes – “A Morte Negada” (sobre guerrilheiros que lutaram pela emancipação da Guiné), “Os Olhos Azuis de Yonta”, “A Árvore de Sangue”, “Minha Fala” (um colorido musical africano) e “A República dos Meninos” (este, com o ator norte-americano Danny Glover). Neste exato momento, Flora Gomes finaliza um longa documental sobre a trajetória de Amílcar Cabral e sua luta contra o Colonialismo. Vale lembrar que o educador brasileiro Paulo Freire desempenhou importante papel na alfabetização de camponeses e operários da jovem nação africana.

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