Cinemateca exibe panorama sobre erotismo

Entre os dias 18 de março e 2 de abril, a Cinemateca Brasileira apresenta, em parceria com a Fap-Unifesp, a mostra Erotismo no Cinema Brasileiro.

Como uma arte visual, o cinema sempre esteve tomado por imagens do erotismo. De registros caseiros ainda no período silencioso até a comercialização no ciclo pornográfico, o cinema erótico carregou estigmas e preconceitos, representações por vezes grosseiras e machistas, mas, como outros gêneros (como o horror), é tomado de invenção, criatividade e poder de sugestão.

A mostra destaca clássicos como Ganga Bruta, de Humberto Mauro, e O Menino e o Vento, de Carlos Hugo Christensen, filmes onde as forças da natureza movem os impulsos dos personagens. Anjo do Lôdo, de Luiz de Barros, livre adaptação do romance Lucíola, de José de Alencar, e Quando a Noite Acaba (Perdida pela Paixão), de Fernando de Barros, são exemplos significativos do cinema produzido por estúdios brasileiros nos anos 1950 se abrindo à temática sexual e que sofreriam com a censura. Para além dos filmes, o destaque fica para a presença de Virgínia Lane e Tônia Carrero, respectivamente.

Já de um outro momento são os sucessos de bilheteria A Super Fêmea, de Aníbal Massaini Neto, filme produzido como veículo para o estrelato de Vera Fischer e bastante representativo do “milagre econômico” brasileiro, e Dona Flor e seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, excelente adaptação do romance de Jorge Amado protagonizada por Sonia Braga. O homoerótico Nos Embalos de Ipanema é um dos grandes filmes de Antônio Calmon, cineasta mais conhecido por seus trabalhos na televisão, e Ariella, dirigido por John Herbert, uma ótima adaptação de um romance da escritora lésbica Cassandra Rios, de grande sucesso na década de 1970. Do ciclo da Boca do Lixo paulistana, dois clássicos do mestre Carlos Reichenbach: Império do Desejo, um de seus filmes mais conhecidos e de pura inventividade, e A Ilha dos Prazeres Proibidos, que será exibido em nova cópia 35mm produzida pela Cinemateca em 2016, além do drama Damas do Prazer, de Antonio Meliande e com excelentes interpretações de Irene Stefânia, Bárbara Fazio, Sueli Aoki e Nicole Puzzi. Estreia de Djalma Limongi Batista na direção, Asa Branca: um Sonho Brasileiro, apresenta uma visão homoerótica do ambiente do futebol, num trabalho bastante pioneiro.

Primeiro longa-metragem brasileiro com cenas de sexo explícito lançado comercialmente, Coisas Eróticas, de Raffaele Rossi, foi um campeão de bilheteria em seu lançamento e hoje é raramente visto. Exemplares de certo surrealismo do nosso cinema erótico, temos Vereda Tropical, do cinemanovista Joaquim Pedro de Andrade, e Senta no meu, que Eu Entro na tua, de Ody Fraga, excelente comédia explícita com fotografia de Aloysio Raulino. Coprodução brasileira com Hong Kong, Alemanha e Estados Unidos, Erotique apresenta quatro episódios dirigidos por mulheres apresentando visões do erotismo, realizada no período da retomada. A cineasta Ana Maria Magalhães dirige Final Call, adaptação do conto A Língua do P, de Clarice Lispector.

Toda a programação tem entrada gratuita e pode ser acessada no site http://cinemateca.gov.br/mostra/erotismo-no-cinema-brasileiro.

 

Mostra Erotismo no Cinema Brasileiro
Data: 18 de março a 2 de abril
Local: Cinemateca Brasileira – Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino – São Paulo/SP
Entrada gratuita

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.