Nova entidade reúne produtores e realizadores do Centro-Oeste, Norte e Nordeste

Após um ano de encontros e negociações, está surgindo a associação CONNE, reunindo produtores e realizadores das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil. De acordo com a diretoria da entidade, o objetivo principal é garantir o cumprimento da cota de 30% dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) para as empresas dos 20 estados que compõem esse perímetro, além de estimular a difusão das obras e a formação dos profissionais. Nas últimas semanas, cerca de R$ 94 milhões do fundo inclusive já foram confirmados pelo Ministério da Cultura e pela Ancine para os projetos audiovisuais dessas regiões.

Segundo Wolney Oliveira, diretor da região Nordeste da CONNE, o montante é fruto de um saldo que estava previsto pelo FSA, mas que ainda não havia sido completamente destinado para os realizadores. Cerca de R$ 34 milhões já estão sendo aplicados em projetos em fase de contratação por emissoras de televisão pública e os outros R$ 60 milhões devem ser liberados até o final deste ano por meio das linhas PRODAV e PRODECINE.

Os recursos deverão ser aplicados na produção e coprodução de novas obras entre aqueles estados. “O edital pode mudar o perfil da região e dar um empurrão. A criatividade e os meios nós já temos, mas faltam oportunidades. Não existem editais locais, é preciso que se estabeleça uma política nacional para a região CONNE, que sejam criadas novas possibilidades e novas sinergias fora do eixo Rio-São Paulo”, enfatiza Jorane Castro, diretora da região Norte.

Até o ano de 2016, os realizadores locais eram representados pela Associação dos Produtores e Cineastas do Norte-Nordeste (APCNN) e os do Centro-Oeste estavam amparados especialmente pela Associação de Produtores e Realizadores de Filmes de Longa-Metragem de Brasília (Aprocine). Com a Lei 12.485, que estabeleceu a cota de 30% do FSA para os estados do CONNE, eles decidiram unir forças e criar uma entidade maior, que englobasse não apenas produtoras, mas também pessoas físicas, como cineastas, roteiristas e diretores de fotografia. As conversas começaram no 49º Festival de Brasília, continuaram no 7º Rio Content Market e a associação foi oficialmente lançada durante o 27º Cine Ceará, no último mês de agosto.

“Nós percebemos que o momento é de amadurecimento dos realizadores da região CONNE e que a ideia era somar, e não dividir. Fizemos várias reuniões com o ministro Sérgio Sá Leitão e a diretora-presidente da Ancine em exercício, Débora Ivanov, e levamos inclusive essa questão da cota, que não estava sendo cumprida”, relata Oliveira.

Para o diretor da região Centro-Oeste, Renato Barbieri, a reivindicação da CONNE vai ao encontro da efetiva nacionalização da produção, garantindo que os recursos cheguem a todos os produtores, o que é “uma luta histórica de quatro décadas”. Ele salienta que a coprodução entre os estados está alinhavada e “já é uma realidade”. Falta apenas “deixar esses projetos mais competitivos”. Essa aproximação entre os realizadores e produtores aconteceram especialmente nas rodadas de negócio do NordesteLab, entre maio e junho deste ano, em Salvador; e no Mercado Audiovisual Cearense (MAC), realizado em novembro de 2016, em Fortaleza.

A série “Gravador de Histórias ou Memórias” é uma das que estão sendo realizadas em coprodução, com participação da produtora Tem Dendê, de Salvador, e de Hermes Leal, do Tocantins.

 

Por Belisa Figueiró

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