Série traz militares que falam pela primeira vez como mataram na ditadura

“Guerra do Araguaia”, dirigida por Hermes Leal, com produção da HLFilmes, denuncia e reconstitui o massacre de 69 pessoas que faziam parte da Guerrilha do Araguaia, ocorrida entre 1972 e 1974, na floresta amazônica no sul do Pará. Pela primeira vez, militares assumem seus crimes e descrevem em detalhes como mataram dezenas de pessoas a sangue frio. Neste conflito, houve a maior mobilização de tropas no Brasil desde a Guerra do Paraguai e a Segunda Guerra Mundial; as forças militares utilizaram cerca de sete mil homens para combater e eliminar os guerrilheiros.

O objetivo do seriado é revelar a verdade dos fatos, de forma a jogar luz em um dos episódios mais obscuros da História do Brasil, ainda no anonimato. Por isso, a série narra, cronologicamente, os cinco anos de preparação e os dois anos de combates desta sangrenta guerra, com depoimentos de militares (coronéis e soldados); documentos secretos; relatos inéditos de guerrilheiros, que há mais de 40 viviam no anonimato; dos camponeses, que foram torturados e mortos tanto quanto os guerrilheiros; e contextualizada por historiadores e jornalistas especializados no assunto.

Com uma preocupação em divulgar uma história ainda sem esclarecimento, com narração de Paulo Betti, “Guerra do Araguaia” expõe todo o período dos combates, mostrando fatos inéditos dos dois lados do conflito, dos militares e dos guerrilheiros, e como dezenas de militantes do PC do B, vindos do Rio de Janeiro, Sãos Paulo, Ceará e Bahia, enfrentaram um Exército bem armado, que precisou de três grandes campanhas para derrotar, decapitar e exterminar guerrilheiros mal armados, mas adaptados à selva. Até hoje, os militares não informaram o destino dos corpos de 49 pessoas desaparecidas no conflito.

Os depoimentos dos sobreviventes, oito guerrilheiros, que estão vivos, porque foram presos no início do conflito, ou conseguiram escapar no calor dos combates, antes do massacre final, dão um teor real aos acontecimentos do dia a dia da guerrilha. Suas façanhas foram presenciadas por camponeses, que sofreram nas mãos dos militares tanto quanto os guerrilheiros, que até hoje mantêm suas cicatrizes e a presença dos amigos guerrilheiros em suas vidas.

Filmado nas locações onde os eventos ocorreram, na região entre Marabá (sul do Pará) e Xambioá (norte do Tocantins), “Guerra do Araguaia” relata toda a história desta guerra para que possa ser entendida em seu conjunto e seus desdobramentos. Foram necessários meses de investigação para localizar e convencer guerrilheiros e militares para quebrar seus silêncios e revelar tudo que foi mantido em segredo até hoje.

Até os dias atuais, nenhum militar havia assumido seus crimes publicamente, assim como detalhou suas operações de guerra. Coronel Lício, por exemplo, um dos personagens da série, pode ser considerado a pessoa que mais matou durante todo o regime militar. Assim como se revela um dos maiores centros de tortura do país, senão o maior, por onde passaram mais pessoas torturadas, chamado Casa Azul, que até hoje se mantém de pé na periferia de Marabá como uma memória viva das atrocidades cometidas lá dentro. Encerrando com um diagnóstico sobre a busca da verdade, a punição dos responsáveis pelas atrocidades – ainda há 49 corpos desaparecidos –, e a dor de quem perdeu seus amigos e parentes.

A narrativa reconstrói, cronologicamente, os sete anos de conflito, revelando os antecedentes, os treinamentos, as campanhas militares, até iniciar os combates, onde os militares e seus guias descrevem com detalhes como mataram, por exemplo, a guerrilheira Sônia, com oitenta tiros. Este evento é relatado pelos militares que a executaram, sendo que um deles carrega até hoje uma cicatriz do tiro recebido no rosto por Sônia antes de morrer. Relatam também a morte de vários outros guerrilheiros em cenas sangrentas, incluindo a decapitação dos corpos dos mortos, que lembram uma carnificina.

A série foi financiada pelo FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) e a primeira janela de exibição será no canal CINEBRASiLTV, com estreia prevista para o dia 12 de novembro, às 22h. Um dia antes, em 11/11, haverá um evento de lançamento, no CCSP – Centro Cultural São Paulo, com exibição do terceiro episódio da série, seguida de debate com o diretor Hermes Leal, na sala Spcine Paulo Emilio, às 17h.

A versão longa-metragem de “Guerra do Araguaia” deve ser lançada em breve, também com direção de Leal.

5 thoughts on “Série traz militares que falam pela primeira vez como mataram na ditadura

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  • 8 de novembro de 2017 em 23:35
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    O Brasil escapou de um GENOCÍDIO REVOLUCIONÁRIO, que mataram mais de 100 milhões de 1917 à 2004, sem falar que esses malditos são sócio-fundadores do narco-trafico, os militares brasileiros são heróis CALUNIADOS, seu grande erro foi terem matado menos de 300, hoje o Brasil não seria essa ditadura disfarçada.

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  • 2 de dezembro de 2017 em 10:53
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    NÃO FOI UM GOLPE EM 64, FOI UMA CONTRARREVOLUÇÃO! GRAÇAS A DEUS E AOS MILITARES EXISTE DEMOCRACIA NO BRASIL! SE NÃO FOSSE A CONTRARREVOLUÇÃO HOJE O BRASIL SERIA UMA DITADURA COMUNISTA!

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  • 2 de dezembro de 2017 em 10:56
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    OS MILITARES PODEM ATÉ NÃO SER HERÓIS, MAS TAMBÉM NÃO SÃO VILÕES!

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  • 2 de dezembro de 2017 em 10:58
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    GUERRILHEIRO NÃO LUTA POR DEMOCRACIA, NO BRASIL GUERRILHEIRO LUTOU PARA IMPLANTAR A DITADURA DO PROLETARIADO!

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