Ritos de Passagem

O cineasta e ilustrador Chico Liberato, responsável pelo primeiro longa-metragem em animação feito na Bahia (e o terceiro no Brasil), “Boi Aruá” – inspirado na literatura de cordel em 1983 -, se prepara para lançar seu novo longa-metragem de animação, “Ritos de Passagem”, no dia 8 de maio, às 19h, no Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana. O filme foi realizado a partir do Edital de Apoio à Produção de Obras Audiovisuais de Longa-Metragem, edição 2008, do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Secretaria da Fazenda (Sefaz).

A animação narra o encontro do líder espiritual Antonio Conselheiro com o cangaceiro Lampião, rebatizados, respectivamente, como o Santo e o Guerreiro. A história retrata os acontecimentos trágicos do sertão do final do século XIX e início do século XX e começa a ser contada no momento em que os dois personagens morrem e entram na Barca de Caronte, que remete à mitologia grega, na qual as almas atravessam o perigoso rio da morte, o Aqueronte, às margens do inferno. “Através da lembrança de seus ritos de passagem – nascimento, batismo, transição da juventude para a idade adulta, morte e transcendência – os personagens vivem um processo de autoanálise e refletem sobre os acontecimentos que viveram no sertão”, revela o autor.

O filme conta com a ajuda das cantigas populares, flora, fauna, costumes, trajes, vocabulário e sotaques da região para dar vida à história destes já míticos personagens. Para o cineasta, é necessário valorizar essas expressões culturais tão presentes no dia a dia do povo nordestino.  “A cultura sertaneja é de extrema importância e não é mostrada como deveria, há uma super valorização do que vem de fora, e a população local acaba se excluindo de uma riqueza que está tão próxima de si, por isso toda minha obra é baseada na cultura sertaneja, cujo objetivo é conscientizar o povo brasileiro”, afirma.

Para a realização do longa, foram contratados cerca de 90 profissionais, entre técnicos, artistas e equipe de apoio. Dentre os componentes, participa a esposa do cineasta, Alba Liberato, que é a roteirista do longa. O projeto contou ainda com artistas importantes, como Jackson Costa, Ingra Liberato, entre outros que emprestaram suas vozes aos personagens, além da participação especial da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) na trilha sonora com duas peças sinfônicas: “Veredas” e “Ritos”. No longa, o maestro Eduardo Torres é responsável pela regência da Orquestra na peça “Veredas”, que teve solo de violão do compositor João Omar. Já na peça “Ritos”, o próprio compositor, João Omar, assumiu a regência da Orquestra. O músico também será responsável pela abertura do evento “Celebração das Culturas dos Sertões” no dia 5 de maio em Salvador.

A estreia do filme integra a programação da “Celebração das Culturas dos Sertões”. O evento, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) entre os dias 5 e 9 de maio, tem como objetivo valorizar as culturas dos sertões e discutir sua importância para a formação da identidade cultural dos baianos.

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