Coutinho e a Academia

Até os mais ferrenhos críticos das “cafonices” da cerimônia de premiação do Oscar se emocionaram com a homenagem da Academia de Hollywood à Eduardo Coutinho. O cineasta, que morreu em condições trágicas, no início deste ano, teve sua imagem projetada entre as personalidades do cinema que nos deixaram nos últimos meses. Quem teria sugerido à Academia que homenageasse o grande criador de “Cabra Marcado para Morrer” e “Jogo de Cena”? Afinal, a ficção é a peça de resistência das festas anuais da Academia. Nelas, o documentário, assim como a categoria “filme estrangeiro”, é mero coadjuvante. Teria sido Walter Salles, que disputou o Oscar com “Central do Brasil”, o responsável por alertar a Academia da grande perda? O diretor de “Terra Estrangeira”, produtor, junto com o irmão João Salles, de toda a recente safra coutiniana, esclareceu: “Eduardo Coutinho tinha sido convidado para ser membro da seção de documentários da Academia, e aceitou o convite. Como disse um membro do Comitê Executivo de Documentários da Academia, a razão pela qual esse convite foi feito reside no fato de que, através de sua obra, Coutinho ‘ofereceu contribuição única e duradoura para o cinema documental, e essa percepção era reconhecida no mundo inteiro. Esta é a mesma razão pela qual a notícia de seu falecimento foi incluída na cerimônia’.” Ainda segundo o integrante do Comitê de Documentários, não houve campanha porque “Coutinho merecia a homenagem e a Academia fez a coisa certa”. E completa: “Por sorte, ainda temos a riqueza de suas histórias, de seus personagens, dos lugares que ele dividiu conosco e que tanto revelam sobre o tecido social brasileiro”.

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