Verdes anos

Um super-8, “Deu pra Ti Anos 70”, abriu as portas do cinema a Giba Assis Brasil e Nelson Nadotti. Juntos, no começo dos anos 80, eles realizaram o filme vencedor (na categoria S-8) do Festival de Gramado. E causaram furor. “Deu pra Ti” transformou-se no S-8 mais difundido da história do cinema brasileiro. Giba e Nadotti “viveram” durante meses do que ganhavam exibindo o filme em centenas de cidades e espaços. Só um milagre explica a sobrevivência deste longa-metragem (com 108 minutos de duração!), já que S-8 não tem negativo. Num documentário dirigido por Ricardo Dias e produzido por Toni Venturi, Jorge Furtado confessa que “Deu pra Ti” mudou a vida dele: largou o curso de Medicina na UFRGS depois de ver o filme. Não queria mais ser médico. Queria ser cineasta. Ofício que abraçou. Passados 32 anos de sua realização, o filme ainda emana frescor. E apresenta-se como semente do Cinema Urbano Gaúcho (antagonista do cinema nativista ou “Cinema de Bombacha”). Sua trilha sonora é inacreditável. Hoje, com a rigorosa vigilância sobre direitos autorais, ninguém pode lançar mão (só uma produção milionária) de tantas músicas (Elis Regina, Raul Seixas, Chico Buarque, George Harrison etc., etc.). “Deu pra Ti” pega seu tempo ali, no calor da hora. É político, é afetivo, é geracional. Seu tempo histórico está lá em fotos, manchetes de jornais e capas de revistas. Em especial a Isto É da fase Mino Carta. E o filme serviu de vitrine para nomes que fizeram a história do cinema gaúcho contemporâneo: Pedro Santos, Angel Palomero, Werner Schunemann, Carlos Gerbase, Xala Filipe, Márcia do Canto, Ivonete Pinto (hoje crítica de cinema e professora da Universidade Federal de Pelotas), entre muitos outros. Giba, hoje dedicado à montagem (com base na mesma Porto Alegre), e Nadotti, que tornou-se roteirista de TV (no Rio), são parte essencial da história do cinema gaúcho. E, este ano, o audiovisual rio-grandense celebra outro filme: “Verdes Anos”, primeiro longa-metragem da geração que mudou o cinema da terra de Teixeirinha. Mais uma vez, Giba Assis Brasil está nos créditos, dividindo a direção com Carlos Gerbase.

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