Lady Susan

Lady Susan, o romance epistolar de Jane Austen, nunca recebeu muita atenção dos leitores em comparação com os seus outros seis romances maiores, principalmente por ser uma obra curta. Os estudiosos de sua obra estimam que tenha sido escrito entre os anos de 1793 e 1794, quando a jovem escritora encontrava-se em seus últimos anos de adolescência, e representa um hiato na totalidade da obra de Jane Austen por se caracterizar como um estudo sobre uma mulher adulta, que usa sua inteligência e charme para manipular, trair e abusar de suas vítimas, sejam elas, amantes, amigos ou os membros de sua própria família.

A história de Lady Susan gira em torno de sua personagem principal, a bela e coquete Lady Susan Vernon (uma das melhores personagens criadas por Jane Austen, em tudo diferente às protagonistas de seus romances posteriores), uma viúva na casa de seus 30 anos, que busca um novo e vantajoso matrimônio para si, ao mesmo tempo em que tenta arranjar um casamento para sua filha com um homem rico e tolo que esta última despreza. Ela preenche sua agenda de compromissos com convites para visitas estendidas junto aos parentes de seu falecido marido e conhecidos por uma série de manobras astuciosas, de modo a atingir seu plano principal.

Uma vez que poucos romances podem superar ou se equivaler às obras-primas de Jane Austen, Lady Susan deve ser aceito pelo o que realmente é: uma peça encantadora e muito divertida, elaborada por uma jovem escritora que nos apresenta personagens interessantes e provocantes. E que também nos revela sua compreensão inicial das maquinações sociais através de uma linguagem muito requintada.

O maior desafio de Jane Austen parece residir nas limitações do formato epistolar onde a narrativa é revelada gradativamente através da perspectiva de uma pessoa e, em seguida, através da reação e resposta do outro, o que não permite a energia do diálogo direto ou a variação de descrições de cena ou arredores. Dadas suas limitações narrativas, ainda é uma joia brilhante; inteligente, engraçado e intrigantemente mal intencionado. Um romance magnificamente trabalhado, apresentando os costumes e os modos do período da Regência inglesa.

A história já foi adaptada para as mais variadas mídias, principalmente para o teatro e televisão, sendo a mais conhecida a versão de 2009, produzida pela rede de TV britânica BBC e a versão para teatro apresentada em 2012 em Nova York, em uma coprodução dos TheaterLab e Triangle Theater.

Sobre a autora: Jane Austen (1775-1817) foi uma escritora inglesa proeminente, considerada como uma das maiores figuras da literatura inglesa, ao lado de William Shakespeare, Charles Dickens e Oscar Wilde. Ela representa o exemplo de escritora, cuja vida protegida e recatada em nada reduziu a estatura e o dramatismo da sua ficção. Nasceu na casa paroquial de Stevernton, Inglaterra, onde o pai era o sacerdote, vivendo a maior parte do tempo nessa região. A fama de Jane Austen perdura através de seis obras-primas principais: Razão e Sensibilidade (1811), Orgulho e Preconceito (1813), Mansfield Park (1814), Emma (1815), Persuasão (1818) e A Abadia de Northanger (1818), publicados postumamente. Lady Susan (escrito entre 1794 e 1805), The Brothers (iniciado em 1817, deixado incompleto e publicado em 1925 com o título Sandition) e Os Watsons (escrito por volta de 1804, deixado inacabado, terminado por sua sobrinha Catherine Hubback e publicado na metade do século XIX, com o título The Younger Sister) são outras de suas obras. Deixou ainda uma produção juvenília, uma peça teatral, Sir Charles Grandison, Or the Happy Man: a Comedy in Six Acts, poemas, registros epistolares e um esquema para um novo romance, intitulado Plan of a Novel.

Lady Susan
Edição bilíngue – Português/Inglês
Autora: Jane Austen
Tradução: Doris Goettems
Editora: Landmark
Páginas: 152
Preço: R$ 28,00

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