Longa argentino vence o Festival Latino-americano de SP

Em cerimônia realizada na noite desta quarta-feira, 30/07, no Memorial da América Latina, foram anunciados os premiados do 9º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. O destaque foi para o longa-metragem argentino inédito no Brasil “Refugiado”, de Diego Lerman, que venceu o Troféu Itamaraty para o Cinema Sul-Americano, recebendo os R$ 90 mil destinados a filmes produzidos por pelo menos dois países da América do Sul. Uma coprodução da Argentina com a Colômbia, França e Alemanha, o filme foi lançado na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes deste ano. Trata-se de um road movie que acompanha um garoto de sete anos e sua mãe em um emocionante drama com toques de humor.

A sensibilidade ao abordar o tema da violência de gênero e a fluidez e sutileza no manejo dos vários elementos que compõe a linguagem cinematográfica foram as justificativas anunciadas pelos jurados para o prêmio a este que é o quarto longa de Lerman. Integraram o júri o colombiano Andrés Bayona (diretor de projetos da Proimágenes Colômbia e diretor executivo do Mercado Audiovisual de Bogotá), a mexicana Cristina Garza (vice-presidente da agência de vendas internacionais Mundial), o ator e diretor cubano Jorge Perugorría, a produtora argentina Lita Stantic e o francês Sylvain Auzou, cofundador dos Venice Days, evento paralelo ao Festival de Veneza.

Foi concedida, ainda, uma menção honrosa ao equatoriano (coproduzido com a Argentina) “A Morte de Jaime Roldós”, de Manolo Sarmiento e Lisandra I. Rivera. Também inédita no Brasil, a obra aborda o breve governo de Jaime Roldós Aguilera (1979-1981), que terminou repentinamente em um suspeito acidente de aviação. Lançado no Festival de San Sebastián (Espanha), o filme revela o drama shakespeariano de três órfãos que são vítimas da luta pelo poder de sua família. Para o júri, o filme se destacou pelo seu valor testemunhal e a criatividade de sua construção.

O prêmio do público foi para “Os Insólitos Peixes-Gato”, longa de estreia da diretora mexicana Claudia Sainte-Luce. O filme, inédito no Brasil, havia sido saudado por seu olhar sincero e honesto para personagens envolvidos com a AIDS em festivais como Locarno (Suíça), Roterdã (Holanda) e Toronto (Canadá) – neste último recebeu o prêmio da crítica internacional.

Já o vencedor da Mostra de Escolas de Cinema Ciba-Cilect foi o argentino “O que Dizem do Monte”, dos diretores Octávio Tavares e Francisca Oyaneder, da Universidade de Buenos Aires. O curta, que foi vencedor em 2014 do prêmio de melhor curta nacional no BAFICI – Festival de Cinema Independente de Buenos Aires, foi eleito pelo júri formado por Bárbara Sturm, diretora da distribuidora Pandora Filmes e curadora do Cinerama BC – Festival Internacional de Cinema em Balneário Camboriú, pela pesquisadora e professora Luciana Corrêa de Araújo e pelo cineasta Marco Dutra (de “Trabalhar Cansa” e “Quando Eu Era Vivo”).

Na cerimônia, o documentarista Silvio Tendler, um dos homenageados pelo Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo este ano, recebeu das mãos do cineasta João Batista de Andrade o Troféu Fundação Memorial da América Latina. O evento exibiu nove títulos do cineasta, como “Jango” (1984), “Os Anos JK – Uma Trajetória Política” (1980) e “Militares da Democracia: os Militares que Disseram Não” (2014).

Os demais homenageados do festival, que já haviam sido contemplados nos dias anteriores, foram o cineasta e produtor Pablo Trapero, a atriz e produtora Martina Gusmán, ambos argentinos, e a atriz e produtora brasileira Leandra Leal.

Realizado de 24 a 30 de julho, a nona edição do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo colocou em foco os destaques da produção mais recente feita na região, incluindo vários títulos inéditos no Brasil, além de promover homenagens e organizar encontros e debates. No total, foram 114 filmes, representando 16 países da América Latina e do Caribe. A programação, inteiramente gratuita, aconteceu em nove salas: Memorial da América Latina, Cinesesc, Cine Olido, Centro Cultural São Paulo (salas Paulo Emílio e Lima Barreto), Cinemateca Brasileira, Cineclube Latino-Americano, Centro Cultural da Juventude e Centro Cultural Penha.

A programação incluiu a mostra Docs Musicais América Latina, com documentários dedicados a importantes artistas da música da América Latina, ciclo O Cinema Mudo Latino-Americano , oficinas, o seminário Nuevas Ventanas (que discutiu as novas possibilidades de circulação dos filmes na era digital e conectada), debates e encontros.

A curadoria do 9º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo foi assinada por João Batista de Andrade, Felipe Macedo, Jurandir Müller e Francisco Cesar Filho.

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