A importância dos diálogos para a narrativa cinematográfica

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Uma imagem vale mil palavras, diz a sabedoria popular. Na produção audiovisual, no entanto, os diálogos de um roteiro são mais que meras palavras. Quando bem elaboradas, as falas dos personagens de um filme ou de uma série são determinantes para a imersão do espectador na história, além de ajudar na identificação entre o público e os protagonistas. Determinar o ritmo dos diálogos, escolher bem o vocabulário, dosar a quantidade de frases: tudo isso é de suma importância na confecção de um roteiro bem-sucedido.

“A construção das frases a serem ditas em cena merece tanta atenção quanto a elaboração dos elementos visuais”, explica Daniel Obeid, coordenador da pós-graduação em Roteiro de Ficção Audiovisual do Senac. “Há de se ter um cuidado especial na redação”, diz. “Não se trata apenas de reproduzir a fala coloquial do dia a dia – o chamado discurso naturalista – como muitos roteiristas supõem. É preciso algo mais: o diálogo tem de fazer mais sentido, comunicar mais. Cada palavra conta”.

Cena de Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, onde as poucas falas dos personagens é suficiente para causar um grande impacto ao espectador

O curso de pós-graduação em Roteiro de Ficção Audiovisual do Centro Universitário Senac oferece uma disciplina dedicada, exclusivamente, ao estudo do diálogo no audiovisual. Nas aulas, a ênfase recai na criação e no estudo, com análises de roteiros e cenas de filmes e seriados, debates e oficinas de redação. Essa disciplina específica serve, assim, para suprir uma lacuna, ajudando a preparar o profissional para criar bons diálogos em roteiros para cinema, TV e internet.

Tudo isso dentro do objetivo principal da pós-graduação, que é a capacitação de profissionais para escrever roteiros ficcionais para as demandas do mercado, contextualizando o papel do roteirista e do roteiro na produção audiovisual. “A disciplina foi incluída em nosso novo projeto pedagógico. Lançamos um olhar sobre a importância do diálogo para a narrativa”, explica Obeid. “Afinal, a aproximação entre o personagem e o ser humano se dá pela fala que ele emite. Expressamos nossos pensamentos, emoções e angústias com as palavras, e isso também vale para a ficção. Bons diálogos fazem uma diferença muito grande em uma história”, opina.

O professor, que também é roteirista profissional e diretor, diz que há várias maneiras de trabalhar os diálogos de forma eficiente. “Cineastas como o francês Eric Rohmer ou o americano Woody Allen têm um estilo verborrágico: seus personagens sempre falam muito. Já outros diretores preferem roteiros com menos falas; fazem filmes nos quais os atores em cena falam pouco, com diálogos esparsos, mas cruciais”. No cinema brasileiro, Obeid cita Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, e Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), de Marcelo Gomes, como bons exemplos de roteiros que optam pela economia nos diálogos. “Mesmo quando se diz pouco, como é o caso desses dois filmes, as falas dos personagens ocupam espaço fundamental e causam muito impacto”, diz.

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