“Cantinflas – A Magia da Comédia”, cinebiografia do astro cômico Mário Moreno, estreia nos cinemas

A Paris Filmes coloca nos cinemas brasileiros, na próxima quinta-feira, dia 23, o filme “Cantinflas”, de Sebastián del Amo. Trata-se da reconstituição do início da carreira artística do cômico mexicano, um mix de Oscarito com Charles Chaplin, até ele receber o Globo de Ouro por seu trabalho (ele interpretou Passepartout, o partner de Phileas Fogg/David Niven), em “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, de Michael Anderson (1956).

O filme “Cantinflas” – indicado pelo México à disputa de uma vaga no “Oscar” estrangeiro – tem um bom roteiro (mostra ingratidões,  esterilidade e aburguesamento de Mário Moreno), um bom ator-protagonista, etc. Mas é muito convencional em sua narrativa. Fez mais de um milhão de espectadores no México, o que não é muito, se o compararmos com a comédia “Não Aceitamos Devoluções” (que passou dos 15 milhões), mas é significativo se levarmos em conta que poucos de nossos filmes latino-americanos, rompem a marca do milhão de tíquetes.

O filme mostra o produtor Mike Todd, um dos maridos de Liz Taylor, montando a produção do longa-metragem que venceria 5 Oscars, incluindo o de melhor filme, e se transformaria num blockbuster planetário: “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, a partir de Júlio Verne. Tood, vindo da Broadway e sujeito dos mais atrevidos, quer porque quer montar uma superprodução com astros do mundo inteiro (Sinatra, Fernandel, Martine Carol, Buster Keaton, Marlene Dietrich, Cesar Romero, John Gielgud etc, etc). Oferece a um astro da comédia mexicana um papel secundário. Ele não aceita. Em crise conjugal, Mario Moreno-Cantinflas lê o roteiro e resolve aceitar, na última hora, desde que divida com David Niven os principais papéis do filme. Ou seja, desde que encarne Passepartout. Conseguirá seu intento e o papel lhe renderá o Globo de Ouro (para pegar a estatueta, ele derrotará Marlon Brando e Yul Brynner).

Além da falta de ousadia em sua mise-en-scene, o filme tem outro problema: os atores escalados para interpretar Liz Taylor, Marlon Brando, Agustin Lara, Maria Félix, Dolores del Rio, Charles Chaplin (que mandou um bilhete para Cantinflas elogiando-o como um dos grandes cômicos do mundo), não se parecem nadaaaa com os originais. Na trilha sonora, grandes boleros. Quiçá, Quiçá, Quiçá e, principalmente, “VETE DE MI”. Este foi imortalizado pelo cubano Bola de Nieve. No filme aparece interpretado por outra (também bela) voz.

Nota final: Mike Todd morreu num acidente de avião, pouco mais de um ano depois do sucesso planetário de “A Volta ao Mundo em 80 Dias”.

 

Por Maria do Rosário Caetano

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