Cinema independente tem distribuição garantida em São Paulo

Com o novo edital de investimento ao cinema paulista, a Spcine firma um dos principais compromissos com a classe, desde o desenvolvimento de seu projeto ao seu lançamento nas salas. Das quatro linhas desse primeiro edital de 2015 da empresa, duas referem-se à distribuição de longas-metragens. “O cinema brasileiro está carecendo de telas, e o cinema paulista faz parte disso. Há sempre um processo concentrador dos grandes blockbusters. Com os prêmios, você consegue dar um mínimo de visibilidade e gerar o interesse do exibidor”, explica Maurício Andrade Ramos, diretor de desenvolvimento econômico da Spcine.

Tudo começou com um levantamento realizado pela Spcine em fevereiro de 2014, que revelou a existência de 50 filmes paulistas sem espaço para exibição. Em abril de 2014, a Secretaria Municipal de Cultura lançou a primeira linha de financiamento do Programa de Apoio à Distribuição e Comercialização de Filmes de Longa-Metragem. Foram investidos R$ 2 milhões em 20 filmes inéditos no circuito nacional. Cada distribuidor recebeu o aporte de aproximadamente R$ 100 mil para incluir a obra em no mínimo cinco salas de cinema, sendo pelo menos uma em São Paulo/SP. “Foi o embrião do novo edital da Spcine que já vem com uma série de evoluções”, conta Ramos. “O novo edital passa a alcançar o filme médio, que tem uma perspectiva de um público de pelo menos 100 mil espectadores. Os prêmios podem ser maiores dependendo do número de salas. No ano passado, havia um número mínimo de salas, mas o prêmio era muito próximo, sem reconhecer as diferenças entre os objetivos dos filmes. Criamos uma relação do valor do prêmio com o número de salas, tendo um mínimo de 10 salas”, complementa.

Em 2014, foram premiados filmes como “Avanti Popolo”, de Michael Wahrmann, com dois mil espectadores, “Sem Pena”, de Eugênio Puppo, com sete mil, “O Lobo Atrás da Porta”, de Fernando Coimbra, com 28 mil, e “Praia do Futuro”, de Karim Aïnouz, com 125 mil, entre outros.

Novas perspectivas

O novo edital parte de um mínimo de R$ 100 mil para filmes pequenos. Se a distribuidora se propuser a lançar o filme em 30 salas, o prêmio é de R$ 300 mil. Há um teto de R$ 400 mil para o filme de médio porte, ligado a um lançamento mínimo em 40 salas e um teto de 100. “Com R$ 400 mil, você tem a distribuidora se comprometendo com 40 salas – e, obviamente o distribuidor dialogou bastante com o produtor para que montassem aquela estratégia, buscando o público de cento e poucos mil espectadores”, explica Ramos. Dos R$ 3 milhões disponibilizados na linha 2 do edital, R$ 2 milhões serão destinados a filmes de pequeno porte, com projetos de até R$ 200 mil para o lançamento. O outro milhão será destinado aos projetos de médio porte, com investimento de mais de R$ 200 mil. Os filmes devem ser registrados na Ancine por uma produtora paulista e a distribuidora deve ser paulista, estabelecida há pelo menos dois anos em São Paulo. O diretor também deve ter residência no Estado há pelo menos dois anos.

Para os filmes de grande porte, será dado R$ 1 milhão para distribuição em, no mínimo, 300 salas e investimento em P&A (promotion and advertising/promoção e publicidade). A linha 4 prevê R$ 4 milhões para filmes paulistas lançados por distribuidoras paulistas, que podem se associar a distribuidoras de outros Estados da federação.

Visando dar agilidade ao processo, ambas as linhas são de fluxo contínuo, podendo se inscrever nela entre 1º de junho e 13 de novembro de 2015. “A modalidade vai propiciar o prêmio e o desembolso desse prêmio numa velocidade bastante grande. O filme deverá ser lançado em até seis meses depois de recebê-lo, o que cria um sentido de objetividade. O fluxo contínuo evita o processo seletivo, que é muito mais demorado, com certa subjetividade. Com isso, busca-se uma evolução do diálogo e da integração do distribuidor com o produtor e com o mercado”, aponta o diretor de desenvolvimento econômico.

Outra novidade inserida pela Spcine nos editais de São Paulo é o uso de investimento retornável, nos moldes do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).

Outras linhas

O edital traz também duas linhas dedicadas à produção de longas. A linha 1, via processo seletivo, disponibiliza R$ 7 milhões para projetos de ficção, animação e documentário de pequeno e médio porte. Já a linha 3, com fluxo contínuo, prevê R$ 6 milhões para projetos de grande porte, com compromisso já acertado de lançamento. Para mais informações sobre o edital, acesse https://spcine.wordpress.com/programasdeinvestimento.

 

Por Gabriel Carneiro

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